CENA DE MARIA MADALENA
Maria, que vida a Tua. Quando disseste: ‘Faça-se’, pensavas que
seria assim? Penso que não. Mas penso que se soubesses também o terias
dito. Não há muitas palavras perante
Ti, esta semana. Uma mãe exausta. A dor atravessada de ver um filho destroçado.
E continuas ali. Ao pé da cruz. Esperando…
Maria é
a mulher do sábado santo, capaz de esperar em silêncio. Capaz de manter a esperança nesse tempo intermédio, entre a noite
escura e o amanhecer radiante…. De Maria não ouvimos grandes palavras. Nem
discursos. Nem elaboradas profecias. Apenas
sabemos que esteve ali. Sempre. E, assim, fala-nos de algo que é vital: o
aceitar tudo, a firmeza, o silêncio fértil, a força, a fé na promessa do que
ainda há-de vir.
Madalena… o teu coração destroçado. Tu que, no final, não te
escondes, digam o que disserem. Tu que, vendo
Jesus maltrapilho, vives com Jesus esse momento. Porque
O amas. Porque, com Ele, viveste o perdão. A dignidade profunda. Com
Ele, compartilhaste a vida, os Seus dias de caminho, o Seu projecto do Reino.
Fala-se muito de Maria
Madalena. Nela cabem tantas Marias do
Evangelho: as que choram aos pés de Jesus, as que são perdoadas, as que
encontram a vida. Ela sentiu cada ferimento de Jesus como seu e, perante a
cruz, viu-se morrer um pouco. É a que,
no momento mais escuro, do fracasso e da dor, continua disposta a dar a cara e
a defender aquilo em que acredita. Talvez por isso, é a primeira a
descobrir Jesus vivo!